Jovens ‘emos’ são mortos por milícias no Iraque

Por BBC Brasil

 

Dezenas de jovens iraquianos integrantes de tribos urbanas de ‘emos’ vem sendo mortos nos últimos meses por milícias iraquianas que os consideram homossexuais e adoradores do demônio, segundo ativistas de defesa dos direitos humanos.

Embora ser homossexual não seja ilegal no Iraque, a prática é um tabu social e religioso.

O termo emo é usado no ocidente para identificar jovens que usam roupas alternativas e gostam de escutar um tipo de rock marcado por letras emotivas e confessionais.

Alguns relatos afirmam que dezenas de adolescentes foram espancados até a morte ou mortos a tiros no mês passado. A maioria das vítimas era do sexo masculino.

A Comissão Internacional Gay e Lésbica de Direitos Humanos (International Gay and Lesbian Human Rights Commission) com sede em Nova York, afirma que cerca de 40 pessoas foram sequestradas, torturadas e mortas no Iraque, desde fevereiro, no que a entidade classifica de “nova onda de violência contra os gays”.

Ameaças

Recentemente o ministro do Interior descreveu os emos como adoradores do demônio.

Mas ele disse que não ter registro de assassinatos nos quais os alvos eram especificamente gays ou emos, dizendo que as recentes mortes em Bagdá seriam causadas por motivos “sociais, criminais, políticos, culturais ou de vingança”.

Milícias no bairro xiita e conservador de Cidade Sadr distribuíram folhetos com os nomes de 20 jovens, afirmando que eles deveriam ser punidos.

Em comunicado publicado em seu site, o clérigo xiita Moqtada al Sadr, de forte influência na região, descreveu jovens emos como “loucos e tolos”, mas ressaltou que não se deve tratá-los de forma ilegal.

“Eles são uma praga para a sociedade muçulmana e os responsáveis devem eliminá-los usando meios legais”, disse o comunicado de Al Sadr.

Denúncias

O jovem iraquiano Mustafá disse à BBC que se sente “ameaçado” quando usa roupas negras.

“O povo iraquiano te olha de um jeito negativo. É ainda pior quando as forças de segurança prendem quem está em grupos de emos ou vestido de negro”, diz ele.

“Eu, por exemplo, adoro usar roupas negras e acessórios vermelhos, um delineador nos olhos brinco no nariz e outras partes do corpo, mas tudo isso é considerado inspiração do demônio ou coisas que só viciados fazem”, completa.

Grupos de defesa de direitos humanos dizem que o número de mortos pode ser bem mais alto, em meio a acusações de que a polícia estaria acobertando alguns casos.

Fontes médicas ouvidas pela agência de notícias AP disseram que pelo menos 15 jovens forma assassinados no mês passado, incluindo sete apedrejados até a morte, cinco mortos a tiros e um por espancamento. Duas das vítimas eram meninas.

“A polícia geralmente cuida desses casos. Eles não gostam que médicos ou ambulâncias cuidem disso”, afirmou uma fonte médica ouvida pela AP.

“Há dois dias o corpo de um adolescente foi encontrado em Bayaa. Ele foi levado pela polícia.”

Existem relatos de jovens que têm os crânios esmagados por blocos de concreto. Há anos grupos de defesa dos direitos humanos pedem ao governo iraquiano mais empenho na proteção de gays.

Meu Deus: Conservadores trazem ao debate possibilidade de tratar a homossexualidade como doença

Por Blog do Nikoska

 

Via Agência Brasil

Projeto apresentado pelos evangélicos tem o objetivo de suprimir o parágrafo único de resolução que diz que “os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades”

Se existem inconstitucionalidades explícitas na proposta de lei que pretende mudar uma resolução do Conselho Federal de Psicologia (CFP), para permitir que psicólogos possam atuar na chamada“cura gay”, caberá ao Congresso Nacional decidir. Mas o objetivo da bancada evangélica de pautar novamente o velho debate na Câmara dos Deputados foi atingido. A proposta, de autoria do presidente da Frente Parlamentar Evangélica, deputado João Campos (PSDB-GO), deverá pautar as discussões da Comissão de Seguridade Social e Família ainda no primeiro semestre, em uma, duas ou até mais audiências.

Trata-se de um projeto de decreto legislativo que tem por objetivo abolir dois dispositivos aprovados em 1999 pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP). Um das normas contestadas pelo Legislativo veta a participação dos psicólogos em atividades públicas que reforcem preconceitos sociais. Além disso, o projeto apresentado pelos evangélicos tem o objetivo de suprimir o parágrafo único da resolução do conselho que diz que “os psicólogos não colaborarão com eventos e serviços que proponham tratamento e cura das homossexualidades”.

No fim do ano passado, foi apresentado requerimento de audiência pública pelo relator do projeto, deputado Roberto de Lucena (PV-SP), que havia elaborado parecer em favor da aprovação da proposta. Geralmente, as audiências públicas servem para instruir o relator em seus pareceres e são feitas antes de o relatório ser apresentado. Nesse caso, houve uma inversão do trâmite. Lucena se justificou dizendo-se surpreendido pela polêmica sobre o assunto, daí a decisão de pedir as audiências, mesmo depois de já ter elaborado seu parecer.

“Fiquei muito honrado pela oportunidade e confiança de relatar essa proposta e meu voto foi pela aprovação. Só que me dei conta da complexidade da matéria, da polêmica que envolve esse assunto. Recebi vários e-mails e telefonemas em meu gabinete, de pessoas que são a favor e também de entidades representativas da sociedade que defendem a causa gay. Por isso, decidi pedir a audiência para ouvir todo mundo”, disse. “Vou para a audiência como uma folha de papel em branco.”

Embora os dispositivos do CFP contestados pelo projeto falem explicitamente de cura da homossexualidade, o relator defendeu-se dizendo que a proposta não abrirá espaço para considerar a homossexualidade uma doença. “Essa proposta em nada tem a ver com a cura gay. Isso foi uma distorção da imprensa. Nem o autor e nem eu tratamos a homossexualidade como doença. O que queremos é que não seja negado a ninguém, ao homossexual, ao heterossexual, ao bissexual e até ao assexuado, o direito de um auxílio profissional. Queremos que os psicólogos não sejam impedidos de atender uma pessoa que tenha desejo de mudar”, destacou o relator.

O projeto foi apresentado no ano passado, mas a ideia não é nova na Câmara dos Deputados e, invariavelmente, volta à baila pelas mãos da bancada evangélica. Em 2005, o então deputado federal Neucimar Fraga (PL-ES), também integrante da bancada, tentou convencer os 52 parlamentares da Comissão de Seguridade Social e Família a aprovarem sua proposta que garantia o “tratamento” pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Na época, Neucimar chegou a coletar histórias de homens que diziam-se curados da homossexualidade depois que tiveram ajuda de profissionais ou de religiosos. Ele ainda ressaltou que a proposta tinha o objetivo de garantir tratamento gratuito para quem “voluntariamente” se apresentasse para ser curado.

Agora, a justificativa apresentada no projeto, pelo deputado João Campos, passa questionamento da competência do CFP em ditar as regras para o exercício da profissão. No texto, o deputado acusa o conselho de usurpar uma competência que é do Legislativo, a de fazer as leis. Além disso, o texto alega que o CFP restringiu o trabalho do psicólogo e o “direito da pessoa de receber orientação profissional”.

“O Conselho Federal de Psicologia, ao restringir o trabalho dos profissionais e o direito da pessoa de receber orientação profissional, por intermédio do questionado ato normativo, extrapolou o seu poder regulamentar. O Conselho Federal de Psicologia, ao criar e restringir direitos mediante resolução, usurpou a competência do Poder Legislativo, incorrendo em abuso de poder regulamentar, com graves implicações no plano jurídico-constitucional”, diz o texto.

Padre humilha mulher lésbica ao negá-la comunhão no funeral de sua própria mãe

Por Pragmatismo Político

Com profunda tristeza e luto, Barbara Johnson estava no primeiro lugar da fila para a comunhão no funeral de sua mãe. Mas o padre à sua frente imediatamente deixou claro que ela não iria receber o pão e o vinho sacramentais.

Padre Lésbica Barbara JohnsonJohnson, dona de um estúdio de arte, havia chegado à Igreja de São John Neumann, em Gaithersburg, com a sua parceira lésbica. O padre Marcel Guarnizo ficara sabendo de seu relacionamento pouco antes da celebração.

“Ele colocou a mão sobre o corpo de Cristo e olhou para mim e disse: ‘Eu não posso lhe dar a Comunhão, porque você vive com uma mulher, e, aos olhos da Igreja, isso é pecado”, disse ela.

Ela reagiu com um silêncio atordoado. Sua raiva e indignação, agora, levaram a ela e aos membros de sua família a exigir que Guarnizo seja removido do seu ministério.

Seus familiares disseram que o padre deixou o altar enquanto Johnson, de 51 anos, estava proferindo um elogio fúnebre e não compareceu ao enterro nem encontrou outro padre para estar lá.

“Você trouxe a sua política, e não o seu Deus, para aquela Igreja ontem, e você vai pagar caro no dia do juízo por me julgar”, escreveu ela em uma carta a Guarnizo. “Vou rezar pela sua alma, mas primeiro vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para ver você removido da vida paroquial, para que assim você não tenha a permissão de ferir ainda mais famílias”.

Na noite de terça-feira, Johnson recebeu uma carta de desculpas do padre Barry Knestout, um dos mais altos administradores da arquidiocese, que disse que a falta de “bondade” que ela e sua família receberam “é causa de grande preocupação e de arrependimento pessoal para mim”.

“Lamento que o que deveria ter sido uma celebração da vida de sua mãe, à luz da fé dela em Jesus Cristo, foi ofuscada por uma falta de sensibilidade pastoral”, escreveu Knestout. “Espero que a cura e a reconciliação com a Igreja possam ser possíveis para você e para outras pessoas que foram afetadas por essa experiência. Enquanto isso, vou oferecer a missa pelo feliz repousou da alma de sua mãe. Que Deus traga conforto a você e à sua família em seu luto e esperança na ressurreição”.

Johnson chamou a carta de “reconfortante” e disse que aprecia muito o pedido de desculpas. Mas, acrescentou, “eu não ficarei satisfeita” enquanto Guarnizo não for removido.

A ação do padre também provocou um tumulto entre os ativistas pelos direitos dos gays e animou alguns conservadores religiosos. Ela ocorreu poucos dias depois que a Câmara dos Deputados do Estado de Marylandaprovou uma lei que legaliza o casamento homossexual no Estado. O governador Martin O’Malley (democrata) deve assiná-la ainda esta semana.

“O padre Marcel Guarnizo foi jogado embaixo do ônibus por seguir o cânone 915!”, escreveu um blogueiro católico da arquidiocese. “A questão aqui não é o padre, mas sim Barbara Johnson”. [Esse cânone diz: “Não sejam admitidos à sagrada comunhão os excomungados e os interditos, depois da aplicação ou declaração da pena, e outros que obstinadamente perseverem em pecado grave manifesto”.]
As autoridades da arquidiocese, no início, emitiram uma breve declaração dizendo que as ações do sacerdote eram contra as “políticas” da Igreja e que eles iriam olhar para o caso como um assunto pessoal.

“Quando surgem dúvidas sobre se um indivíduo deve ou não se apresentar à comunhão, não cabe às políticas da arquidiocese de Washington repreender publicamente essa pessoa”, disse o comunicado. “Qualquer questão relativa à adequação de um indivíduo para receber a comunhão deve ser abordada pelo padre com essa pessoa em um ambiente privado e pastoral”.

Mensagens enviadas para Guarnizo e outros membros da paróquia não foram respondidas. Nem ele nem outras lideranças paroquiais estavam na igreja ou na secretaria paroquial na noite da última terça-feira.

Católicos ativos na região metropolitana de Washington disseram que não conseguiam se lembrar de outra ocasião recente em que um padre se recusou a administrar o sacramento a um católico gay. A recusa de Guarnizo, disseram, parece estar em desacordo com a firme posição contra a negação da comunhão aos católicos enunciada pelo arcebispo de Washington, o cardeal Donald Wuerl.

Wuerl disse não acreditar na negação da comunhão, porque é impossível saber o que está no coração da outra pessoa. A questão surgiu durante a campanha presidencial de 2004, quando alguns líderes católicos conservadores disseram que o senador John F. Kerry, de Massachusetts, candidato democrata, deveria ter a comunhão negada por causa de seus pontos de vista pro-choice [em defesa do direito a abortar ou não].

Johnson disse que sua parceira de 20 anos estava ajudando a família na igreja antes do caso, quando o padre lhe perguntou quem ela era. “E ela disse: ‘Eu sou a parceira dela’”, lembrou Johnson.

Quando Guarnizo cobriu o vinho e as hóstias com a mão durante a comunhão, Johnson ficou ali por um momento, pensando que ele iria mudar de ideia, contou. “Eu só fiquei ali, em estado de choque. Eu estava de luto, chorando”, disse ela. “O corpo da minha mãe estava atrás de mim, e tudo que eu queria fazer era ficar junto dela, e a última coisa era fazer um funeral bonito, e aqui estava eu a decepcionando porque havia uma cena…”.

A mãe de Johnson e seu falecido pai foram fiéis praticante por toda a vida, que sofreram para mandar seus quatro filhos para escolas católicas, disse Barbara e seu irmão, Larry Johnson, um contador forense que vive em Loudoun County. Barbara vive no noroeste de Washington e, durante anos, lecionou arte na Elizabeth Seton High School, em Bladensburg, seu ex-colégio.

Apesar de sua indignação, a família Johnson disse que não vê o incidente como razão para criticar a Igreja de forma mais ampla. “Concordamos que essa não é uma discussão sobre os direitos dos gays ou sobre os ensinamentos da Igreja Católica”, disse Larry Johnson.

Mas, desde sábado, outros católicos disseram a eles que a experiência abalou a sua fé. “Há sérios questionamentos sobre como os católicos norte-americanos em particular praticam a sua fé. Quantas pessoas divorciadas vivem em um estado técnico de pecado? Quantas pessoas praticam alguma forma de controle de natalidade artificial em estado de pecado?”, questionou ele. “Se a Igreja agora aplicar essa polícia do ‘estado de graça’, como vai ser? Essa [a homossexualidade] é a coisa mais pessoal do mundo – entre a pessoa e Deus”.

Paulopes. Tradução de Moisés Sbardelotto.