Meditando 2 (Emanuel Medeiros Vieira)

Por Literatura sem Fronteiras

A maioria das pessoas lê pouco
(quando lê)
desinteressadamente
desengajadamente
apressadamente
(Sem emoção, como estivessem consultando um catálogo telefônico)
“Pulam páginas”, pois estão desabituadas do prazer de ler no “livro” –
Apenas passam os olhos na internet.
Passam os olhos em tudo.
Saudosismo? Pessimismo?
Retêm pouco do que “leram”
(telegraficamente, superficialmente).

E o “navio não afunda”.
Não?
(com seus BBs, com seus programas de auditório, com todos os dejetos internalizados na cabeça – o império da droga, o mal tão banalizado).
Falar mal do capitalismo?
É coisa de “dinossauro”.
Querem nos dizer que o mundo dos financistas é o melhor dos universos.
(Eu sei, não é um poema.)
“Escreva coisas boas” – me pedem.
Cristo foi meditar no deserto – sabia o que estava fazendo.
(Longe do insensato mundo.)
E deslumbradas, desfilam as modelos tão passageiras,
as celebridades vãs – e os sorridentes corruptos com ternos bem cortados e celulares da
última geração (e todas as engenhocas eletrônicas).
Alguém chamou nossa era de “naufrágio metafísico” ou “deserto permanente.”
A idiotia e a futilidade como modelos de vida.
(“Ele está amargo, pessimista”– querem que sejamos “otimistas” – como se tal anseio fosse critério literário.)
Morte soberana, alegria passageira.
Castro Alves me contempla na praça que leva o seu nome – o mar ao fundo.
Ah, meu pai!
Ah, minha mãe!
Mas há morangos na cesta, pássaro cantando, cheiro de grama molhada – a vida.

Quando passei a me amar

Por Aninha

 

Quando passei a me amar,

Comecei a perceber melhor o significado
de ser amado.
Entendi que o princípio, é o amor-próprio.
Que não é possível sentir o que não se tem.
Esqueci certas convenções,
Passei a me sentir inteira,
Defeitos… virtudes…manias…atitudes…
Compreendi que se me conhecesse melhor,
Aceitando-me exatamente como sou.
Poderia me reconstruir lentamente e sem atropelos.
Quando passei a me amar,
Via no espelho as marcas inevitáveis do tempo,
E sorrindo…
Agradeci pelas experiências
Que me ajudaram a ser quem eu sou.
Não mais me preocupam
as opiniões que não contribuem…
Os comentários que não edificam…
Quero sim e muito…
As amizades que respeitam…
Os sentimentos sinceros…
Os momentos de felicidade
Que se tornam eternos e inesquecíveis.

(Wanderlúcia Welerson Sott Meyer)

Clara confusão

Por Interrogações

 

eu estou clara confusão
não sei se choro
ou aprendo a tocar violão

não sei se faço uma limonada
ou fico sem fazer nada

não sei se arrumo uma namorada
ou fico em casa de cara amarrada

não sei se me deito na cama
ou na rede da varanda

não sei se tomo um plasil
ou continuo enjoado do Brasil

não sei se vou ser gentil
ou mandar todo mundo à puta que os pariu

não sei me declaro
ou me calo

não sei se morro
ou compro um cachorro

só sei que sei o que sinto
e vou tomar uma garrafa de absinto
para anestesiar a clara saudade
que agora sinto…