Carta de uma professora para a Presidenta Dilma

Por Núcleo de Notícias

Por Angela Maieski – Professora
(amaieski@sinos.net)

Por Angela Maieski – Professora
(amaieski@sinos.net)

Estava eu pensando em escrever uma carta para a Presidenta Dilma, na qual diria que muito me alegra saber que ela está conseguindo espanar um pouco da poeira que se espalha pelo planalto central, quiçá consiga arredar os pesados móveis para limpar todos os cantinhos e arrancar as ervas daninhas do quintal. Pediria que se possível, ela contratasse alguns pedreiros para reconstituir o piso nacional do magistério, que anda “prá” lá de esburacado em alguns Estados e municípios, apesar da lei federal que diz que todos devem poder contar com um piso sem buracos.

Eu e milhares de professores teríamos o maior prazer em auxiliá-la na faxina e até pegar na colher de pedreiro para pavimentar o piso, tanto pela importância da função, quanto pela remuneração, que é superior a de muitos da nossa classe.

Possivelmente tal mensagem se perderia nos meandros do poder e talvez, a exemplo de uma garrafa jogada ao mar, algumas décadas ou séculos passados, alguém a encontraria e tentaria decifrar, talvez com surpresa; as mal traçadas linhas, se perguntando quem seria a desconhecida que em algum momento deixara suas ideias aflorarem naquele e-mail , salvo num hardware agora carcomido pelo tempo, tal qual um manuscrito antigo, porque cartas escritas em papel já são quase obsoletas nesse segundo decênio do século XXI.

Nesse tempo futuro, o êxodo já teria ocorrido e a luta travada seria a de tentar reverter o problema, a escrita utilizada seria a do computador, com seus erros e acertos, coerências e incoerências, afinal, ninguém mais escreveria, simplesmente ditaria e o software se encarregaria de registrar palavra por palavra, sendo que “professor” não seria aceito e se alguém se atrevesse a tentar, receberia um aviso “sem registro – essa palavra não existe”. Não que isso faria muita diferença, já que de acordo com o IBGE (2010) um em cada cinco brasileiros é analfabeto funcional.

Escolas só de samba e futebol. O povo se divertiria e nem lembraria de olhar a sujeira acumulada sob o tapete ou o buraco no piso.

Charge: Site Topeducacao

Deixe um comentário